Gil Sant'Anna Jr.

Máscaras Brancas, Suicídio Preto

Performance Máscaras Brancas, Suicídio Preto - corpo ajoelhado com braço erguido

Sobre a performance
Dançar foi o que me restou quando viver estava ficando difícil.

Essa performance não foi pensada.
Foi necessária.

Inspirada no pensamento de Frantz Fanon, essa obra coreográfica parte do incômodo cotidiano de ser lido pelo filtro do outro — da obrigação de manter a máscara branca, mesmo quando ela já cortava por dentro.

"Máscaras Brancas, Suicídio Preto" foi criada num momento em que eu vivia ideações suicidas constantes. A depressão não era só individual — era histórica, coletiva, acumulada.

A trilha sonora é "En Tu Mira" de Baco Exu do Blues. Ela não acompanha a dança. Ela carrega junto. E junto, o corpo implode, paralisa, se contorce entre o desejo de viver e a exaustão de estar vivo demais — visível demais — performático demais para sobreviver inteiro.

Essa performance fala de suicídio negro, não apenas como fim, mas como linguagem de desespero negado. Ela encena o momento antes da desistência — e o movimento de transformar esse momento em arte, porque ninguém estava ouvindo quando era só palavra.

Assista à performance completa: